
Sol Maria
Cantando Marias
O Cantando Marias é um projeto de criação, desenvolvimento e circulação de um espetáculo musical que nasce inicialmente do desejo de reconhecer, cantar e veicular as músicas que compõem o cancioneiro da tradição popular do Cariri Cearense, composto por mulheres que atuam em diversas linguagens, evidenciando as canções de domínio público, e as de autoria de algumas mestras como por exemplo, a mestra Maria Margarida (Guerreiro Santa Joana D’arc), Edite Dias (Coco da Batateira), Marinez Pereira (Coco Frei Damião) e Maria do Horto.
O projeto é semeado a partir de uma pesquisa que vem sendo realizada desde 2014 e que se iniciou nos agrupamentos da música popular e tradicional do Cariri cearense (CNPq/PROCULT-UFCA). Em 2016, a proposta torna-se independente e transforma-se no Re-Inventário de Cantoras: Um olhar feminino para o canto das Guerreiras Cariri, criado por Fatinha Gomes. Em 2018, esses saberes organizados se transformam no grupo Cantando Marias tendo como objetivos evidenciar o protagonismo artístico feminino da região a partir da interpretação das canções e da história de vida das mestras, assim como incitar à discussão em torno dos aspectos de gênero, etnia e classe das artistas, tornando-se uma das bases para tratados artísticos que viabilizem possíveis estratégias de superação relacionadas à problemática da exclusão das mestras da história da música do Cariri. O Cantando Marias é uma luta ininterrupta para que essas cantoras não caiam na invisibilização, no esquecimento e no apagamento da memória da humanidade, endossando uma prática iniciada e protagonizada por elas mesmas.
Enquanto relevância artística entendemos que podemos compor a cena musical a nível Cariri/Brasil/mundo, ocupando espaços de reconhecimento e potência feminina na música. Compreendemos também que é um novo tempo de nos mantermos conectadas com nossa força e musicalidade, alimentando a potência existente na cena contemporânea. Pensamos com muita ênfase na ocupação cada vez mais expansiva de mulheres na música, daí não discorremos apenas mulheres do Cariri, ponderamos mulheres do mundo, principalmente no tocante a criação de músicas que estão interligadas as culturas de base pretas e originárias, que são a base de nossas ancestralidades.
Nesse novo momento do espetáculo, desejamos poder iniciar um novo direcionamento contribuindo para a criação, fomento e circulação da música autoral caririense, elaborada por um coletivo de mulheres negras e indígena, e LGBTs.
O grupo é formado por Fatinha Gomes, Maria Macêdo, Leide Pereira e Jaqueline Rodrigues. Já passaram pelo grupo também a educadora e percussionista Alda Maria e a atriz produtora cultural Suzana Carneiro. A sua criação foi incentivada pela artista visual e pesquisadora Renata Felinto que deu algumas consultorias ao grupo durante a sua organização e consolidação.